ABC da Cozinha Coreana

16 11 2009

A cozinha coreana é exótica (leia-se apimentada e condimentada) e definitivamente não é para iniciantes. Mas cito aqui o básico do ABC dela. Tenho um pouco de preguiça para abordar esse tema e há milhares de fontes com informações muito mais claras e apuradas. No entanto, sinto que compartilhar esse tipo de repertório trivial e turístico se faz necessário para apreciar as representações e simbologias presentes em outras áreas, como arte e design.

Os mais conhecidos e prostituídos aos ocidentais são o Dolsot Bibimbap, Bulgogui e Kimtchi. Há outros pratos tão clichês quanto estes, mas os citados acima compõem a tríade equivalente a arroz com feijão e farofa, churrasco e vinagrete – exatamente nessa ordem. Não é nada excepcional, mas honestinho o suficiente para enganar o gringo como a grande representação da culinária nacional.

Dolsot bibimbap é uma variação de Bibimpap. Dolsot quer dizer ‘pote de pedra’, portanto, não é nada mais que um Bibimpap numa cumbuca de pedra que mantém o prato aquecido por mais tempo e, conseqüentemente, mais saboroso.

O Dolsot Bibimbap tem uma aparência linda, até você misturar tudo para comer. Basicamente é uma gororoba com arroz na base, vários vegetais fatiados e refogados ( o que colore o prato), carne moída temperada no shoyu, um ovo frito no topo e deve ser temperado com óleo de gergelim e pasta de pimenta a gosto.

Bulgogui é o famoso ‘churrasco coreano’. Se traduzido literalmente seria ‘carne de fogo’ – mas não tem nada de fogo nesse prato, a não ser nas versões em que você mesmo cozinha a carne na mesa. A maior parte dos ocidentais considera essa idéia incrível e ficam exageradamente empolgados, mas é apenas uma forma do restaurante poupar serviço e não ter que se preocupar com o ponto de preferência da carne. Bill Murray pergunta a Scarlett Johansson em Lost in Translation: “what kind of restaurant makes you cook your own food?” – asian cuisine, dear.

É uma carne bovina cortada em fatias finíssimas, marinadas num tempero agridoce à base de shoyu e grelhadas junto a um caldo à base de carne. Esse é um prato bem iniciante, pois não contém nada de pimenta e para os coreanos tem um gostinho de infância – o caldinho que se forma ao assar a carne é normalmente utilizado pelas mães para umedecer o arroz e, elas servem às crianças aviõezinhos de ‘risotinhos’ de Bulgogui.

Finalmente o Kimtchi, que não é necessariamente um prato, mas um acompanhamento imprescindível em todas as refeições coreanas. É uma acelga fermentada e com muita pimenta. Na realidade nem sempre é acelga, existem diversos tipos de Kimtchi, feitos com nabo, cebolinha, pepino – mas o mais comum e popular é o de acelga.

Três coisas que precisam ser alertadas (e que ninguém fala porque se perde o glamour):

1. A cozinha coreana inclui um hálito do cão, não adianta escovar os dentes nem beber leite. Se você tiver refluxo, vai sentir que a comida é do tipo que vai ficar conversando com você até o dia seguinte. Definitivamente não é uma boa opção de programa para encontros iniciais.

2. Se algum dia na vida você precisar comprar uma geladeira de segunda mão, jamais deve comprar uma que tenha sido utilizada por coreanos. O cheiro impregnado pelo Kimtchi é impossível de ser removido. Pelo cheiro você fica com a impressão de que havia um menino morto dentro dela e a solução é só jogando-a fora mesmo.

3. A Korean Air Lines oferece tarifas bastante atraentes, principalmente se você pretende viajar aos EUA. No entanto, como é de se esperar de uma companhia aérea coreana, eles costumam servir comida coreana. As baixas tarifas contemplam a tolerância ao cheiro da comida durante o vôo.